A FOTO


2012-12-23

Boas Festas



Os autores de A FOTO desejam, mais ainda dado o contexto adverso, a todos os visitantes deste blog assim como às suas famílias um Bom Natal e um Ano Novo próspero e feliz.

2012-12-21

A Foto do BEIRÃO

Antecipando a apresentação de A FOTO em Viseu, Fernando Pereira de Figueiredo, coronel de Infantaria na reserva, autor do blog Viseu Senhora da Beira, beirão e viseense de gema, segundo concluo, colocou um simpático post no seu blog sobre o "nosso" livro que, estou certo, não escapará à atenção daquele comité que leva o nome do célebre inventor da dinamite e que não gostava de prémios, Alfred Nobel.
O nosso amigo Beirão, que não quero dizer aqui que é o Zé Gomes de Pina, porque já todos sabem, e um dos principais autores de A FOTO, foi quem me informou do post e do blog. Naturalmente fê-lo com aquela modéstia que lhe conhecemos quase pedindo desculpa de ser ele o autor eleito do artigo bloguista, na justa qualidade de viseense pela pena de viseense. 
Podia ficar apenas ali em cima o link para o blog Viseu Senhora da Beira mas fico mais confortável colocando o post aqui também. E de caminho felicito o Cor. Fernando Figueiredo pelo seu muito interessante  blog. Eis o post:
________________


 
Logo no primeiro comentário que recebi do leitor que se identificava como "Beirão" percebi que a sua ligação à cidade vivia da paixão que lhe dedicava sem perder a objectividade da visão critica da realidade. Corrigiu-me análises, ajudo-me a melhorar o grafismo, apontou-me caminhos e tem-me acompanhado ao longo destes anos sempre com a mesma cordialidade e ajustado comentário. Dava a entender que não esquecia as raízes e lembrava-se ainda do tempo em que "as viagens entre Viseu e Lisboa obrigavam a sucessivos transbordos em Santa Comba (linha do Dão) e Pampilhosa (linha da Beira Alta) durante mais de sete horas de viagem no meio de malas, cestos, pessoal em pé, as conversas informais, os farnéis, o nosso portuga em pleno, os amigos e conhecidos que se encontravam, a "autoridade" do revisor, enfim, um romance por viagem." O Eng José Gomes de Pina, o Beirão, encontrei-o há dias na minha caixa de correio graças à sua simpatia na forma de livro que li com prazer e onde descobri que é um ilustre viseense, com um curriculum invejável e com este legado memorável de um retrato do país dos anos 60 e 70 onde a sua juventude de então, irreverente, destemida e cheia de ideais lutou pela liberdade e progresso de Portugal. Espero voltar a encontrá-lo fisicamente em breve cá pelo burgo na apresentação do livro para que à volta de um café lhe possa entregar o abraço fraterno e dizer-lhe de viva voz a estima e consideração que nestes anos me merece como leitor assíduo do VSB.

2012-12-02

A intervenção de Mário Lino no Porto

José Gomes de Pina, Noémia de Ariztia, Paula Correia, Raimundo Narciso,Teresa Tito de Morais, António Baptita Lopes, Augusto Santos Silva, Mário Lino e José Ilídio Ribeiro

Caros amigos

Em nome dos oito aurores do livro “A FOTO e o Reencontro Meio Século Depois”, cabe-me dizer algumas palavras nesta sessão de apresentação no Porto, tal como o Raimundo Narciso e a Teresa Tito de Morais já o fizeram nas sessões realizadas, respectivamente, em Lisboa, no dia 11 de Junho, e em Coimbra no dia 19 de Novembro. 
Gostaria de começar por saudar todos os presentes que aceitaram o nosso convite para participar nesta sessão, dizendo-lhes que muito nos sensibiliza o facto de partilharem connosco a alegria e a satisfação que temos na apresentação e divulgação do nosso livro. 
Gostaria, também, de agradecer à Câmara Municipal do Porto, a disponibilidade e apoio manifestados com a cedência destas instalações para a realização desta sessão de apresentação. 
Gostaria, ainda, de agradecer à Editora Âncora e ao Dr. António Baptista Lopes o entusiasmo e empenho com que sempre nos apoiaram na concretização deste projecto. 
Uma palavra de particular destaque e apreço é devida ao Prof. Dr. Augusto Santos Silva e ao Dr. José Ilídio Ribeiro que irão apresentar o nosso livro.
O José Ilídio Ribeiro foi estudante universitário da Faculdade de Medicina do Porto, quando nós éramos também estudantes universitários ou dos últimos anos do Liceu em Lisboa, tendo terminado o seu curso em 1967. Como nós, também se envolveu nas lutas estudantis dos anos sessenta. Em 1969 foi incorporado como médico militar, tendo sido mobilizado pera a guerra colonial em Angola, em Outubro desse ano, donde regressou em Outubro de 1971. Em 1973 e 1974 fez parte da Direcção Regional Norte da Ordem dos Médicos. Depois de concluir o internato em 1975, ingressou no Hospital Eduardo Santos Silva, agora Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, onde exerceu sempre funções.
Em resultado da sua reconhecida competência e dedicação profissional, exerceu diversas responsabilidades hospitalares, tendo, em 1996, sido eleito pelo Corpo Clínico daquele Centro Hospitalar para seu Director Clínico, cargo que manteve até se reformar em 2002. 
Contrariamente a alguns dos autores do livro que apenas deram uns toques na bola quando eram estudantes (provavelmente mais para se armarem em desportistas à frente das namoradas), o José Ilídio Ribeiro foi um desportista com provas dadas e créditos firmados, tendo defendido a equipa dos médicos nas modalidades de andebol, basquetebol e futebol, e sido atleta federado de andebol, Presidente da Associação de Andebol do Porto e dirigente do Futebol Clube da Maia.   

O Augusto Santos Silva é de uma geração posterior: começou a frequentar a Faculdade de Letras do Porto em 1973, tendo-se licenciado em História em 1978, e depois, em 1992, doutorado em Sociologia da Cultura e da Educação pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.  
Enquanto estudante universitário, empenhou-se activamente no movimento associativo estudantil, tendo sido membro da Direcção da Associação dos Estudantes da Faculdade de Letras do Porto em 1977, portanto já depois da Revolução de Abril. 
É docente da Faculdade de Economia do Porto desde 1981, actualmente com a categoria de Professor Catedrático. Em 1998/1999, foi Pró-Reitor da Universidade do Porto e Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Economia do Porto. A par da sua actividade enquanto docente, tem desenvolvido outras relevantes actividades de intervenção cívica, designadamente nos domínios da política, da educação e da cultura, e enquanto colunista e cronista de comunicação social. 
No que se refere, em particular, à sua actividade política, integrou diversos órgãos do Partido Socialista, tanto a nível do distrito do Porto como a nível nacional; foi eleito, por diversas vezes, deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Porto; e exerceu funções governativas em três Governos Constitucionais, designadamente como Secretário de Estado da Administração Educativa, Ministro da Educação, Ministro da Cultura, Ministro dos Assuntos Parlamentares e Ministro da Defesa. 
Conheci pessoalmente e convivi muito intensamente com o Augusto Santos Silva quando ele era Ministro dos Assuntos Parlamentares, durante os 4 anos e meio que integrámos o XVII Governo Constitucional, entre 2005 e 2009, tendo beneficiado muito da sua experiência política, governativa e parlamentar, guardando desse convívio recordações muito gratas.
Quero deixar uma saudação muito amiga ao José Ilídio Ribeiro e ao Augusto Santos Silva que muito nos honraram com a sua disponibilidade para fazer a apresentação do nosso livro nesta sessão, e aos quais queremos, pública e muito reconhecidamente, agradecer. 

Meus caros amigos
 
Em Março de 1963, um grupo de 21 estudantes pousou para a foto que está reproduzida na capa do livro, tirada no campo de futebol da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Sobre esta foto, há coisas que sabemos e coisas que não sabemos, ou de que já não nos recordamos.
Sabemos que são 21 estudantes que estão nesta foto, 16 rapazes e 5 raparigas. 12 dos rapazes  eram do Técnico (Albano Nunes, António Redol, Carlos Marum, João Resende, José Gameiro, já falecido, José Gomes de Pina, João Santos Marques, Luís Bénard da Costa, também já falecido, Mário Lino, Mário Neto, Raimundo Narciso e  Rui Martins), 1 da Faculdade de Ciências de Lisboa (Ernâni Pinto Basto), 1 da Faculdade de Medicina de Lisboa (Jaime Mendes) e 2 do último ano dos liceus (Joaquim Letria e Fernando Rosas).
Quanto às raparigas, 1 era da Faculdade de Ciências de Lisboa (Paula Mourão) e 3 do último ano dos liceus (Marília Morais, Noémia Simões, agora de Ariztía e Teresa Tito de Morais). Desconhecemos quem é a quinta rapariga, precisamente a que, na foto, está no meio das 5.
Também não sabemos quem tirou a foto.
10 dos rapazes estavam equipados para o jogo de futebol que se seguiu à foto. Um dos rapazes, o João Santos Marques que está de apito na mão, fez de árbitro. Os outros 5 rapazes e as 5 raparigas constituíam a claque, mas desconhecemos qual foi o resultado do jogo.
Também sabemos porque estavam juntos: eram amigos, activistas dos movimentos associativos estudantis que desenvolviam uma luta muito determinada, no plano cultural e político, contra a ditadura salazarista. Vários deles exerciam ou vieram a exercer funções dirigentes nos respectivos órgãos associativos. Com excepção de quatro ou cinco, todos eram, ilegal e secretamente, militantes do Partido Comunista Português, alguns deles já com responsabilidades organizativas.
Nos anos que se seguiram a este encontro de futebol, os estudantes de todo o País sofreram sucessivas e violentas vagas repressivas. Do grupo da foto, em momentos diferentes:
·        Foram expulsos da universidade, Ernâni Pinto Bastos (15 dias da Faculdade de Ciências de Lisboa) e Mário Lino (2 anos de todas as universidades do País).
·        Foram presos pela PIDE, Carlos Marum, Fernando Rosas, João Resende, João Santos Marques, Mário Lino, Mário Neto e Teresa Tito de Morais.
·         Sofreram o exílio, Jaime Mendes, Carlos Marum e Noémia de Ariztía.
·        Passaram a viver na clandestinidade em Portugal, para combater a ditadura, Albano Nunes, João Resende, João Santos Marques e Raimundo Narciso.

Decorridos quase 50 anos, quando, um dia, no início de Janeiro de 2010, a Noémia de Ariztía estava a fazer arrumações em sua casa, deparou-se com uma velha caixa de lápis de cor que continha, entre outras relíquias, aquela foto tirada em Março de 1963. A descoberta trouxe-lhe à memória acontecimentos há muito passados e uma grande vontade de saber o que tinha entretanto acontecido aqueles amigos. Digitalizou a foto e enviou-a por mail ao Jaime Mendes, com quem mantinha contacto, para ver o que é que ele sabia. O Jaime, por seu turno, reenviou a foto ao Raimundo Narciso que teve a ideia de procurar reunir, de novo, todos os que para ela posaram, com o objectivo de fazerem um balanço das suas vidas e de gozarem a alegria de se reencontrarem. Para isso distribuiu a foto, por mail, aos que não tinha perdido o rasto, escrevendo:

            «[…] A fotografia dos colegas de 1963 sugeriu-me a ideia de fazermos um livro. Vai tudo explicado no ficheiro anexo. Digam-me o que vos parece ideia tão insensata».

O anexo do e-mail era um texto longo a rebuscar mil e uma razões que tornasse aliciante a proposta ou, pelo menos, que evitasse que a considerássemos uma proposta tola. O Raimundo Narciso propunha «um livro escrito a tantas mãos quantos os que, entre nós, se atrevessem a tanto», e interrogava-se: «Interessaria aos mais novos, à geração dos nossos filhos e netos, conhecer, através de vivências e percursos de vida tão díspares, uma ponta desse mundo tão próximo e tão ignorado?». 
Os primeiros contactados aderiram à ideia com entusiasmo. Uns, pela proposta do livro e outros, pela ideia do convívio que restabeleceria, nalguns casos, pontes de anos ou de dezenas de anos entre vidas desencontradas.
A mensagem electrónica foi, pois, o sinal. Muitas outras refizeram os contactos e as amizades perdidas em quase meio século de viagem, em que alguns ficaram pelo caminho. A política, a luta contra o regime fascista, as prisões, a clandestinidade, os exílios, percursos por quatro continentes, a actividade profissional, a luta pela vida, encontros e desen­contros, fraccionaram o grupo daqueles jovens em múltiplas bolsas de amizades.
Ao fim de algum tempo já tínhamos estabelecido contacto entre todos. Seguiram-se, ao longo de quase dois anos, diversos almoços de convívio em casa de vários dos participantes na foto, para planearmos o livro e acompanharmos a evolução da sua escrita.
Por razões várias, apenas oito dos estudantes presentes na foto aca­baram por concretizar este projecto. 
O livro foi editado em Junho de 2012. A sessão de lançamento realizou-se no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, contando com as intervenções do Dr. Jorge Sampaio que apresentou o livro, e do Reitor, Prof. Dr. Sampaio da Nóvoa.  

Neste livro, "revisitámos meio século das nossas vidas, encontros e desencontros, amizades e alheamentos, trajectos que não se cruzaram, amores, casamentos, compromissos, roturas, dú­vidas, vidas não coincidentes." É, portanto, um livro de memórias de uma geração em que muitos se bateram pelos valores da liberdade, do progresso, da justiça social, e que continuam unidos para que estes valores não se percam, mas antes se consolidem e aprofundem. 

Estamos num tempo em que muitas das conquistas sociais, tardiamente conquistadas em Portugal após o 25 de Abril de 1974, e na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, estão a ser fortemente atacadas pela especulação dos mercados financeiros internacionais, e em que estamos confrontados com a tibieza e inadequação das respostas que a UE vai, penosamente, engendrando, e com a austeridade ideológica e letal com que o Governo vai sufocando o País.
Por outro lado, enfrentamos hoje, em Portugal, na Europa e no Mundo, novas lutas e desafios, e novas bandeiras se levantam.
Mas estamos firmemente convictos que a ética e os valores que defendemos se mantêm actuais e universais, e que hoje, tal como ontem, as novas gerações farão o seu caminho e encontrarão a melhor forma de se organizarem em sociedades mais livres, democráticas, sustentavelmente desenvolvidas e justas.

E mais não digo, convidando-vos apenas a ler o nosso livro.

Ata da apresentação do livro no Porto

Os autores de "A FOTO" chegaram ao Porto, na 6ªf, 30 de Novembro, ainda de manhã para uma breve visita à Cidade Invicta e um almoço que nos conciliasse com a árdua tarefa da apresentação do livro que fora entregue a dois ilustres intelectuais, figuras públicas da ciência e da política.
A sala não tinha uma multidão como em Lisboa mas não envergonhava. Na assistência além de dois ou três amigos só reconheci a ex-ministra Isabel Pires de Lima.
O Editor, António Baptista Lopes, falou, com o seu fino sentido profissional, da reconhecida excelência da edição e não menor excelência dos autores. Com tão apurado tato que a assistência aguçou o olhar, meio incrédula, para as reluzentes lombadas dos livros, estrategicamente expostos pela sua eficaz colaboradora Inês Figueiras.
Seguiu-se-lhe no uso da palavra Mário Lino, autor em nome dos autores, que apresentou os apresentadores e levou em seguida, com apurada eficácia, como é seu timbre, a assistência a percorrer as recônditas e mais apetecidas veredas do jardim das delícias que são os diferentes capítulos da obra.
Falou então o apresentador José Ilídio Ribeiro distintíssimo médico, na qualidade de antigo estudante da geração dos autores e como eles um partícipe das lutas estudantis contra a ditadura, não poupou palavras e razões que evidenciaram, como é próprio nestas circunstâncias, quão marcante ficará para a História a obra que tinha a responsabilidade de dar a conhecer à atenta plateia.
Last but not least tomou a palavra Augusto Santos Silva, professor catedrático e figura incontornável de parlamentar e governante em várias pastas dos últimos governos socialistas, que pelos seus dotes oratórios e assertiva capacidade crítica deixou prostrada uma multidão de opositores pelos campos de batalha política em que terçou armas.  Fez um levantamento da gesta do movimentos estudantis dos anos 60 do século XX e das lutas políticas contra a ditadura que foi o terreno fértil em que desabrocharam as aventuras relatadas no livro.
A escolha dos apresentadores foi a todos os títulos acertada porque as suas justíssimas apreciações deixaram impante o ego dos autores que, para assinalar o evento, decidiram-se pela excelente gastronomia local num aprazível restaurante nem muito caro nem muito barato decididos a gastar o dinheiro antes que o governo o saque com cortes, taxas e sobretaxas a que chama eufemisticamente “cortes na despesa do Estado”.

2012-11-23

Apresentação de "A FOTO" no Porto

No próximo dia 30 de Novembro, sexta-feira, pelas 18h00, realiza-se no Porto, no Palacete dos Viscondes de Balsemão, Praça Carlos Alberto, 71, mais uma sessão de apresentação do nosso livro.

Os apresentadores serão Augusto Santos Silva e José Ilídio, o que muito nos honra e sensibiliza e a quem, publicamente, muito agradecemos a disponibilidade manifestada.

Os nossos públicos agradecimentos vão também para a Câmara Municipal do Porto, pelo seu apoio à realização desta sessão.

Aqui fica o convite para todos os interessados. Lá vos esperaremos.




2012-11-21

Manuel Alegre à Lusa na apresentação de A FOTO

Na apresentação do livro A FOTO, em Coimbra, no dia 19 (ver post anterior) a Lusa entrevistou Manuel Alegre que, em resposta às questões colocadas, pronunciou-se sobre a ctualidade política e em seguida sobre o livro que com José Manuel Pureza acabara de apresentar. Dada a notoriedade de Manuel Alegre as suas declarações à Lusa, a seguir reproduzidas, tiveram um vasto eco nos media em especial nas versões on line , como por exemplo no Público, DN, Jornal I, O Sol, As Beiras,  TVI-24, Almedina, Agencia Financeira ou até no Brasil-Local. (A notícia é a da Lusa em todos os media e os sublinhados a cores são obviamente da minha autoria)
 
 A notícia da Lusa:
 
O antigo candidato à Presidência da República Manuel Alegre recusou hoje "um Portugal de joelhos" perante instâncias de poder internacionais, exortando os cidadãos a resistirem "às perdas de soberania".
"Cada vez mais é preciso resistir, não só às perdas de soberania", mas também "aos atentados à dignidade e à identidade" do povo português, disse Manuel Alegre, em Coimbra, na apresentação do livro "A foto e o reencontro meio século depois", escrito por oito antigos estudantes envolvidos na oposição à ditadura de Salazar.
Neste contexto, o poeta disse ter sentido "revolta e vergonha", na semana passada, quando Angela Merkel visitou Portugal, ao ver o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "comportar-se como um súbdito" da chanceler da Alemanha.
Manuel Alegre, tal como o ex-líder parlamentar do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza, que partilhou a apresentação do livro com o histórico socialista, realçou a dimensão ética da obra.
"Este livro é eticamente importante", porque cada um dos autores "assume com inteireza a sua vida", disse.
Também para José Manuel Pureza, professor de Relações Internacionais da Universidade de Coimbra, "A foto e o reencontro meio século depois" simboliza "uma ética que partilharam" Jaime Mendes, Joaquim Letria, José Gomes de Pina, Mário Lino, Noémia de Ariztía, Paula Mourão, Raimundo Narciso e Teresa Tito de Morais.
O ponto de partida para o livro foi uma foto tirada em 1963, em Lisboa, durante uma jornada de convívio na Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (IST), em que participaram ativistas do movimento associativo estudantil.
Na foto, que estava esquecida e foi encontrada por acaso há pouco anos, figuram 21 jovens universitários, incluindo os oito que vieram a escrever o livro, editado pela Âncora, que, segundo José Manuel Pureza, permite "resgatar em memória e demora o breve mas denso encontro com a vida".
As suas páginas, é possível "recordar o que é sendo, mas parece trivial", incluindo "o que custou cada rotura com os cânones bafientos" da ditadura fascista, acrescentou.
Dos 21 protagonistas da imagem inspiradora, apenas uma mulher não foi ainda identificada, "nem nenhum de nós se lembra quem tirou a fotografia", referiu Teresa Tito de Morais, ao intervir em nome dos autores. Dois dos fotografados, José Gameiro e Luís Bénard da Costa, já faleceram.
"Esta é uma geração que esteve unida para que não se volte para trás. Não é de maneira nenhuma um livro saudosista do passado", esclareceu.
Para Manuel Alegre, "este livro é mais do que um momento" vivido pelos jovens da foto, há 49 anos, no campo de futebol do IST.
"Eu olho para a foto e vejo o Eurico de Figueiredo, o Jorge Sampaio, Zeca Afonso, Rui Namorado e Luiz Goes", entre outros dos protagonistas das crises académicas dos anos 60 do século passado, em Lisboa ou em Coimbra, disse, admitindo que ele próprio também se revê no que representa aquela imagem.
Alegre evocou ainda, a propósito, os antifascistas Tito de Morais e Piteira Santos. Mas, na sua opinião, também o líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, está presente

2012-11-20

As belíssimas palavras da Teresa Tito de Morais,em Coimbra

Realizou-se ontem, em Coimbra, na Casa Municipal da Cultura, a apresentação do livro A FOTO.  Ao longo de uma vasta mesa alinhavam-se os oito autores do livro, a Inês Figueiras em representação da Editora Âncora e os apresentadores José Manuel Pureza e Manuel Alegre ilustres coimbrões que tiveram além da gentileza de aceitar o nosso convite a amabilidade de enaltecerem o significado do livro como um importante e multifacetado testemunho das lutas dos Portugueses pela Liberdade.
A sessão foi iniciada por  Inês Figueiras a cuja intervenção se seguiram as de Teresa Tito de Morais Mendes em representação dos oito autores, de José Manuel Pureza e de Manuel Alegre.
De momento temos disponíveis apenas as belíssimas palavras da Teresa que aqui vos deixo. Em breve terei, espero, as outras intervenções e, se demorarem, farei algumas considerações com prudente cautela para não destoarem excessivamente do brilho daquelas.

Eis a palavra da Teresa Tito de Morais Mendes:

Cabe-me a mim falar em representação dos 8 autores do livro “A Foto e o reencontro meio século depois ….”

Faço-o com enorme prazer, embora ciente de que vou ter alguma dificuldade, e vou ficar muito àquem das apresentações dos meus amigos, co-autores do livro, a começar pela do Raimundo, o grande impulsionador desta “aventura”, na Aula Magna da Reitoria, em Lisboa, no passado dia 11 de Junho.
Começo por saudar todos os presentes, nomeadamente o Manuel Alegre e José Manuel Pureza que aceitaram apresentar o nosso livro em Coimbra. Agradecer à Casa Municipal da Cultura pela hospitalidade para a realização desta sessão.
De gerações diferentes, com olhares também diferentes, vai ser bom ouvir o Manuel Alegre e José Manuel Pureza. Vão certamente analisar um período marcante da história do nosso país, sentir o pulso das nossas emoções, através das histórias contadas no livro, dos percursos de vida de cada um de nós, da luta contra o regime fascista, das associações e pró-associações dos estudantes, da prisão, do exílio, da guerra colonial, dos encontros e desencontros e sobretudo dos afectos.
Conheci o Manuel Alegre na Suíça, nos anos 60, onde eu e o Jaime morávamos. Vivia em Argel e de vez em quando deslocava-se à Europa. Talvez ele já não se lembre, mas uma vez estava em França, em Lyon, e pretendia entrar na Suíça. Viajava com passaporte falso. Eu, o Jaime e o Eurico Figueiredo fomos buscá-lo de carro e quando passámos a fronteira, em Genève, receosos que ele fosse apanhado, vimos com surpresa o guarda a examinar minuciosamente os nossos passaportes ( passados pelo Consulado de Portugal ), sobretudo o do Eurico. 
Quanto ao do Manel, que era completamente falso, o polícia afirmou: “Este não levanta qualquer dúvida”. Levou então os nossos para verificações mais cuidadas….
Na altura em que tirámos a Foto, o Manel Alegre estaria seguramente em Angola, onde foi preso pela PIDE em 1963.
Quanto ao José Manuel Pureza também já lá vão alguns anos que nos conhecemos, quase 20….. Foi em 1995, por aí, quando ele entrou no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, em Lisboa, para nos convidar a dar uma aula, sobre o asilo e os refugiados, para os estudantes de Relações Internacionais, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. 
Professor, investigador do CES, defensor inabalável dos Direitos Humanos, grande pedagogo, muito querido dos seus alunos, entendeu sempre o ensino com uma componente prática, que só uma organização com trabalho no terreno pode transmitir. Começámos assim uma boa e frutuosa colaboração que se estendeu por vários anos. O Zé Manel Pureza, por outro lado, passou a ser convidado “residente” de todos os Congressos Internacionais do Conselho Português para os Refugiados, na Gulbenkian, com intervenções magníficas sobre as questões ligadas aos Direitos Humanos, Migrações e Estudos para a Paz.

 Obrigada aos dois por estarem aqui connosco.

Obrigada também à Editora Ãncora, e ao António Batista Lopes, na pessoa da Inês Figueira, pelo entusiasmo e força que nos deram para terminarmos este projeto e editar o livro.
                                           
Tudo começou por uma fotografia dentro de uma caixinha, perdida algures no quarto da Noémia. Há quem diga que estava dentro dum baú. Eu, por meu lado, imaginei a Noémia, numa crise frenética de limpeza, de espanador na mão, a encontrá-la debaixo da cama, qual tesouro escondido.
Mas decididamente não foi assim. A Noémia estava sossegadamente sentada no sofá, com uma ponta de nostalgia, pegou ao acaso numa caixa e encontrou a foto, já um pouco amarelecida, tirada no Instituto Superior Técnico durante um jogo de futebol, com uma claque feminina de 5 jovens, seguramente no ano de 1963. 
Foi para o computador e enviou-a para o Jaime, dizendo:  “Olha o que eu encontrei?”.
Por seu lado, o Jaime mandou-a para o Raimundo e, tempos depois, nos finais de Janeiro de 2010, o Raimundo lançou o desafio:

“…a fotografia dos colegas de 1963 sugeriu-me a ideia de fazermos um livro. Digam-me o que vos parece ideia tão insensata.”
No ficheiro anexo propunha ainda “um livro escrito a tantas mãos quantas os que, entre nós, se atrevam a tanto”.
As modernas técnicas de comunicação, o correio eletrónico e o Facebook serviram para identificar a maioria dos colegas. Dois desses estudantes não chegaram até nós: José Gameiro, falecido na Africa do Sul em 1978, e Luís Bénard da Costa, que morreu em 2008. Do grupo, 11 são estudantes do ISTécnico, dois da Faculdade de Ciências, um de Medicina e seis do último ano dos liceus.
Permanece o mistério, quanto à identidade da jovem do meio.  Passámos a chamá-la Mata Hari…. e interrogamo-nos também com a dúvida de “quem teria tirado a fotografia”
O primeiro encontro deu-se, em Abril de 2010, na nossa casa em Casais da Aroeira. Compareceram 12, acompanhados dos maridos e mulheres. Trouxeram vinhos e sobremesas, encheram a casa de alegria.
Alguns já não se viam há mais de 4 décadas, sabíamos de outros pelas notícias, e poucos mantinham relações próximas. Mas parecia que o tempo não tinha passado. O sentimento foi de grande cumplicidade. Marcados por experiências diversas, permanecíamos unidos por aquilo que nos juntou 47 anos antes: a luta por um país com liberdade e democracia.
Seguiram-se outros convívios, em casa da Paula e do Mário Lino, na Ericeira, do Joaquim e da Berta, na Verdizela, e no atelier do Pancho, em Lisboa, distinto pintor Francisco Ariztia, que ofereceu uma imagem lindíssima para o marcador do livro, onde a Noémia nos serviu as célebres “empanadas”.
Por razões várias apenas oito acabaram por participar no livro e foi combinado que relataríamos, com toda a liberdade, cenas da nossa vida desde 63 até aos dias de hoje.
Assim, o Joaquim Letria apresenta, com a sua pena ágil e o sentido de humor que lhe é característico, um a um, cada protagonista desta história. O Jaime Mendes conta a passagem a salto para o exílio e os tempos conturbados das campanhas de dinamização, após o 25 de Abril. O José Gomes Pina fala-nos da sua infância em terras beirãs e na guerra colonial. O Mário Lino relata a história de muitos estudantes que chegavam das colónias para estudar em Portugal e a sua passagem pela Universidade, que marcaram a sua formação e futuro como homem e cidadão.
A Noémia faz um relato fantástico sobre a sua saída de Portugal, sozinha, com apenas 19 anos, a passagem por Londres, Paris e pela Jugoslávia, onde se junta a um grupo de estudantes latino-americanos. Aí conhece e casa com o jovem pintor chileno Francisco Ariztia que a leva para o Chile de Allende, de onde tem de fugir debaixo da repressão do regime de Pinochet.
A Paula lembra a sua família, os tempos passados em África, a sua chegada a Lisboa para completar o ensino liceal num colégio religioso, e o novo mundo que se lhe abre com a participação na Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa.
O Raimundo prende-nos com a sua vida na clandestinidade, a sua estada em Moscovo, o regresso a Portugal e a actuação da ARA.
Eu, pelo meu lado, faço uma homenagem à minha família, lembrando a perda do meu avô. Recordo os tempos da prisão e o meu compromisso presente com os direitos humanos e os refugiados. 
Este livro que aqui vos apresentamos não é, de maneira nenhuma, um livro saudosista do passado, é um livro de memórias de uma geração que apostou nos valores da liberdade, do progresso, da justiça social, e que continua unida para que não se volte para trás.

2012-11-11

Apresentação de "A FOTO" em Coimbra

No próximo dia 19 de Novembro, segunda-feira, pelas 18h00, realiza~se em Coimbra, na Casa Municipal da Cultura, uma sessão de apresentação do nosso livro.

Os apresentadores serão Manuel Alegre e José Manuel Pureza, o que muito nos honra e sensibiliza e a quem, publicamente, muito agradecemos a disponibilidade manifestada.

Os nossos públicos agradecimentos vão também para a Câmara Municipal de Coimbra, pelo seu apoio à realização desta sessão.

Aqui fica o convite para todos os interessados. Lá vos esperaremos.



2012-10-21

 O nosso livro lá esteve presente no 60º aniversário do Liceu Francês Charles Lepierre, como mostram as fotos aqui juntas. A manifestação artística organizada pelo Liceu e designada " Journée Portes Ouvertes", começou às 14 horas, no sábado passado, com o acesso às exposições artísticas ( Foto 1), projecção da exposição Joana de Vasconcelos e a Literária ( Foto 2,3)
Houve também o lançamento oficial do livro de recordações do Liceu, exposição fotográfica, concerto por dois grupos corais, além de jogos para crianças e de um torneio de futebol de 7, etc...

O nosso livro esteve exposto em 2 salas, ao lado de autores ( antigos alunos ou antigos professores) como Urbano Tavares Rodrigues, Eduarda Dionísio, Baptista Bastos, Isabel Alçada, José Rodrigues Miguéis, Rui Grácio e muitos mais.

Vinte exemplares do livro estavam na banca devido ao esforço da nossa editora a Âncora. Parabéns António Baptista Lopes.


2012-10-09

 
 
A Associação dos Antigos Alunos do Liceu Francês vai organizar dia 20 de Outubro às 19 horas, no 2º andar do edifício antigo do Liceu, uma exposição e venda de livros de autores, antigos alunos.

Fui convidado para lá estar com o nosso livro a FOTO/Reencontro Meio Século depois.
Espero representar com dignidade os outros 7 co-autores.

Jaime Mendes

2012-09-27

Mensagem do António Correia de Campos


Meus caros Zé Gomes de Pina e Mário Lino, 

Li o vosso livro integralmente, numa viagem a Larnaca, Chipre. Gostei imenso e por várias razões:

A proximidade com os meus sonhos, anseios e realizações, muito semelhantes aos vossos, naquelas idades, pelo menos e creio que também agora.

A nossa origem social muito próxima: filhos de professores do ensino primário, de sargento e de pequeno comerciante, afinal a típica classe média em ascensão, na época.

A variedade de experiências de vida e a franqueza quase ingénua com que todos se desvendaram.

O sentido de fraternidade que perdura ainda nas vossas relações actuais.

Tinha o livro em cima da minha mesa quando tive um encontro de trabalho com uma técnica da nossa Representação Permanente que à saída me confessou ser filha do Eng. Rui Martins, também constante da foto, o que prolonga a rede para as gerações seguintes.

A qualidade literária da escrita, que atinge tons novelescos nos depoimentos do Letria e do Narciso, mantendo todos um alto nível, mesmo quando se preocuparam sobretudo com a descrição dos contextos.

Finalmente, a ideia de que a nossa juventude tinha causas e valores.

Como vedes, muitos elementos justificam o mérito da vossa iniciativa. Tenho pena de não conseguir inserir-me em uma semelhante.

Parabéns a todos e todas com natural permissão de circularem esta mensagem a quem entenderem. E obrigado ao Zé Pina pelo livro e dedicatória.

Abraço amigo 

António Correia de Campos

2012-07-27

O FERNANDO SILVEIRA RAMOS e a despedida meio século depois

Não é fácil despedirmo-nos para sempre de um amigo, e muito menos ainda de um amigo com quem partilhámos intensamente, ao longo de meio século, tanto das nossas vidas!

Conheci o Fernando Silveira Ramos em 1962. Na altura, estávamos a estudar Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, eu no 4º ano e ele no 3º ano.

Ao longo deste meio século fomos forjando uma grande amizade e cumplicidade, cimentada na convivência e partilha de inúmeros actos e acontecimentos importantes das nossas vidas: a participação no movimento associativo estudantil; os respectivos namoros e casamentos; o nascimento e crescimento dos nossos filhos e netos; a militância política na luta contra a ditadura e na defesa da liberdade, da democracia e da justiça social; a actividade profissional iniciada no Serviço de Hidráulica do LNEC e, depois, continuada em muitos outros projectos e iniciativas; o serviço militar obrigatório que fizemos juntos em Mafra e em Tancos; os inúmeros fins de semana passados no Casarão, empreendimento que construímos na Ericeira com outros dois casais amigos e onde convivíamos com muitos outros, cozinhávamos belos petiscos, fazíamos bricolage na nossa oficina e tratávamos do nosso viveiro de pássaros; os muitos passeios e viagens que fizemos com as nossas companheiras e, por vezes, com os filhos e os netos, em Portugal e no estrangeiro.

Recordo, com muita saudade, essas viagens, como aquela que fizémos de férias na Tunísia, em Dezembro de 2006.



O Fernando foi sempre uma pessoa alegre, bem disposta, participativa, com grande espírito de iniciativa e criatividade.

Quando o livro A FOTO estava a ser preparado, acompanhou sempre, com atenção e interesse, a sua elaboração, tendo participado com a Milú, sua companheira, nos dois almoços que fizemos na Ericeira para discutir a evolução dos respectivos trabalhos, contribuindo também com as suas críticas e sugestões.    
                               
                                                                            
Era inteligente, acutilante na argumentação, frontal, determinado e com grande capacidade de concretizar ideias, planos e projectos. Era uma pessoa séria, honesta, um homem solidário, de princípios e convicções.

Ao longo da sua vida, distinguiu-se sempre como um cidadão consciente e muito empenhado, assim como um excelente e reconhecido profissional, tendo prestado ao nosso país relevantes serviços.

Assim, no domínio da defesa da liberdade, da democracia e da justiça social, a sua intervenção iniciou-se logo nos tempos de estudante, enquanto activista do movimento associativo estudantil, tendo sido, no ano lectivo 1965/66, Presidente da Junta de Delegados de Curso da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico. Nesse período, foi também um acérrimo opositor da ditadura do Estado Novo. Após o 25 de Abril, foi dirigente do MDP/CDE durante quase 20 anos, até 1994,  tendo participado depois, activamente, no processo da sua transformação no movimento Política XXI de que foi dirigente até 1999 e, na sequência, um dos fundadores do Bloco de Esquerda, integrando a sua primeira Mesa Nacional. No domínio profissional, para além da notoriedade e reconhecimento como Engenheiro Civil, especialista nas áreas da Hidráulica Marítima e da Engenharia Portuária, foi Técnico Superior do Laboratório Nacional de Engenharia Civil entre 1967 e 1972, integrou o quadro técnico da Consulmar - Projectistas e Consultores, Lda. desde 1970, tendo sido seu Director, bem como Administrador de várias empresas asociadas da área da Consultoria e Projecto, entre 1981 e 2011, e Presidente do Conselho de Administração da OC - Organização de Consultores, SGPS, SA, holding do grupo, desde 1997. Foi também membro dos órgãos de várias associações científicas e técnicas, entre os quais Presidente da Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores, entre 1998 e 2006, Vice-Presidente do Conselho Científico e Tecnológico do Instituto para a Ciência e Tecnologia do Mar, entre 1998 e 2002, e membro da Direcção do Centro da Engenharia das Ondas, entre 2003 e 2009.

Em consequência desta actividade, foi agraciado em 2005, pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial. Foi-lhe também atribuído, em 2009, o Prémio Fernando Abecasis de Excelência de Carreira, pela Delegação Portuguesa da International Navigation Association (PIANC) e, em 2010, o Prémio Secil de Engenharia Civil, em resultado  da sua intervenção enquanto reaponsável pela Direcção e Coordenação Geral do Projecto do Molhe Norte da Barra do Douro e, em particular, pela relevância da sua contribuição para a criatividade das soluções técnicas adoptadas. O Prémio Secil de Engenharia Civil, instituído pela empresa Secil, SA em 1995 e cuja atribuição é organizada em colaboração com a Ordem dos Engenheiros, constitui o mais importante galardão da Engenharia Civil em Portugal, muitas vezes também qualificado como o Prémio Nobel da Engenharia Civil Portuguesa. Acompanhei de perto a construção desta importante obra de engenharia que decorreu praticamente toda durante o meu mandato como Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, e  tive o grande prazer de a  inaugurar em Março de 2009.  Lembro-me até de, no meu discurso de inauguração, ter referido tratar-se de um empreendimento que reunia todas as condições para se candidatar, com sucesso,  a qualquer prémio, nacional ou internacional, atribuível a uma obra de engenharia civil. E, na realidade, assim veio a acontecer, com inteiro mérito, reforçado pelo facto de ser a primeira vez que o Prémio Secil de Engenharia Civil distinguiu uma obra marítima.





Um dos últimos projectos científicos em que o Fernando se envolveu profundamente foi o da concepção e contrução  de um modelo reduzido de um equipamento que aproveitasse a energia das marés para "consumo" de um instrumento musical do tipo aerofone ou, por outras palavras, que aproveitasse o movimento das marés para comprimir ar num reservatório e utilizar esse ar comprimido para produzir música atraves de um órgão - o órgão de maré. O objectivo era vir a construir este equipamento na margem direita do troço terminal do estuário do rio Douro. A ideia foi desenvovida ao longo de alguns meses na nosa oficina do Casarão, na Ericeira, e eu tive o prazer de colaborar com o Fernando nesta fase do projecto. Divertímo-nos imenso com a evolução dos trabalhos e o Fernando até levou ao Casarão o organeiro do Convento de Mafra para discutirmos com ele a ideia e percebermos melhor como funcionava um órgão. A apresentação pública deste projecto foi feita pelo Fernando  em Outubro de 2011, através de uma comunicação às 7.ªs Jornadas de Engenharia Costeira e Portuária da PIANC, realizadas no Porto.



No início de 2008, foi diagnosticado ao Fernando um tumor carcinóide intestinal, doença relativamente rara, muito grave e difícil de controlar. Tanto eu como a Paula seguimos sempre, muito de perto, a evolução da sua doença, tendo-o acompanhado diversas vezes, bem como a Milú, nas suas consultas aos médicos, tanto em Portugal como no estrangeiro, onde o seu estado era regularmente seguido por especialistas neste tipo de doença.

Apesar de toda a atenção e acompanhamento que lhe foram dispensados pelos seus médicos, o seu estado de saúde sofreu, nos últimos meses, um nítido e rápido agravamento, tendo-lhe sido recomendada a substituição urgente de duas válvulas do coração. O seu estado de saúde já nem lhe permitiu  ir à sessão de lançamento do nosso livro A FOTO, como muito gostaria. A intervenção cirúrgica ocorreu no dia 30 de Junho, mas o Fernando não conseguiu ultrapassar a fase pós-operatória, tendo falecido no dia 14 de Julho, com 71 anos de idade.
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Eu e o Fernando tínhamos, em geral, uma forma muito fácil de comunicar, de “acertar agulhas”, mesmo quando abordávamos questões mais difíceis ou complexas: uma curta frase, mesmo uma só palavra ou um olhar bastavam para estarmos em sintonia. A nossa confiança mútua era inabalável. A Milú dizia muitas vezes que as nossas cabeças pareciam que se encaixavam perfeitamente, que se complementavam.

Mas tínhamos também, por vezes, muitas diferenças na forma como analisávamos situações, acontecimentos e problemas, o que dava origem a grandes e acesas discussões, a ponto de, quando a Milú e a Paula estavam presentes, elas se zangarem seriamente connosco e nos deixarem a discutir sozinhos. Mas nós dizíamos que essas discussões serviam para reforçar a nossa amizade.
 
Um dos motivos recorrentes de discussão tinha a ver com a maior ou menor urgência com que cada um de nós gostava de resolver um problema, ultrapassar uma dificuldade ou concretizar um objectivo:

- Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, dizia-lhe eu, ao que ele, invariavelmente, retorquia:

 - Não faças hoje o que podes fazer amanhã.

Por isso não consigo compreender porque é que, desta vez, o Fernando não seguiu o seu critério e não adiou a sua partida. E custa-me muito ter de aceitar esta despedida.


2012-07-25

A FOTO


Mais uma referência ao livro, desta vez foi no jornal  do INATEL TempoLivre Nº 239 de Julho/Agosto de 2012

Para quem não consegue ler o texto aqui vai:

Titulo: Jorge Sampaio apresentou livro
de Mário Lino
e Joaquim Letria
Jorge Sampaio, alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações e antigo Presidente da República, apresentou, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa o livro A Foto - Eo Reencontro Meio Século Depois, de Jaime Mendes, Joaquim Letria, José Gomes de Pina, Mário Lino, Noémia de Ariztia, Paula Mourão, Raimundo Narciso e Teresa Tito de Morais. A sessão contou com uma intervenção musical de Carlos Mendes. A obra tem origem numa fotografia tirada em 1963, no campo de futebol da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), sendo escrita por oito dos estudantes retratados. Na época, eram activistas do movimento associativo universitário e liceal, que se destacaram pela luta determinada, no plano cultural e politico, contra a ditadura que então assolava Portugal


2012-07-11

"Uma foto oito itinerários"

O Jornal de Letras (11 a 24 de Julho de 2012) Na sua secção Ideias/Crónica, Estante traz uma recensão do livro a FOTO. Como não é assinada presumo que se trate da responsabilidade da direcção, eventualmente do director José Carlos de Vasconcelos. 

"Pela sua Saúde, os Médicos uniram-se"

2012-07-02

Na sequência da cimeira da UE a cimeira d' A FOTO

Hoje, no palácio do "Quim Zé" reuniu-se a "tribo" d' A FOTO para um balanço do impacte no panorama literário nacional e internacional da publicação do livro e para delinear a estratégia para o futuro do euro. Por razões diferentes a Noémia, o Ernâni Pinto Basto e o Carlos Marum não puderam estar presentes e o resultado vai seguramente ressentir-se da ausência dos seus avisados conselhos. Falou-se na realização de um filme e também num segundo livro com o apelativo título proposto pela Teresa: "O que a FOTO não disse!". 
O essencial das decisões tomadas é mantido secreto porque não queremos, antes de maior reflexão, vermo-nos assediados por produtores, realizadores cinematográficos, artistas e não só. Apesar destes cuidados já começámos a receber telefonemas da Beyoncé, do  Hugh Grant e...? da Srª Merkel!
Não deixámos de fazer uma reflexão sobre os 4 a 0 com que a Espanha castigou a Itália e concluímos que a haver um segundo lugar a nós pertence porque só a penaltis a Espanha nos conseguiu vencer.

Para já e para atender aos inúmeros pedidos dos fãs do livro (cuja 1ª edição se encontra quase esgotada) deixamos aqui umas imagens do importante conclave.










2012-06-27

Mais fotos de futebol

Encontrei mais duas fotos tiradas no campo de futebol da AEIST.


Na primeira destas fotos, tirada no mesmo dia da foto da capa do nosso  livro, vê-se a Paula a dar o pontapé de saída, sob o olhar vigilante do árbitro Santos Marques e o meu olhar expectante e duvidoso do que aquilo ía dar. E com razão porque, como se vê na foto inclusa no post do Jaime Mendes do dia 4 de Junho, que recorda o momento imediatamente posterior a este, a Paula, quando chutou a bola, fez voar o sapato e teve que me vir pedir apoio para a sua recuperação. É preciso ver que tudo isto se passava numa época em que era ainda muito raro as mulheres jogarem  à bola.




Na segunda foto, tirada no mesmo local mas noutro dia, estão, da esquerda para a direita: em pé, eu, o Rui Martins e um voluntário que não identifico recrutado para jogar à baliza; e de cócoras, o José Gameiro e o Carlos Marum. Não sei qual foi a equipa adversária.



2012-06-26

Comentários críticos pertinentes do António Redol

O nosso amigo António Redol, um dos participantes na foto da capa do livro (o primeiro em pé, à esquerda), enviou-nos um mail com dois comentários críticos muito pertinentes e que aqui divulgo.


O primeiro tem a ver com um erro na legenda da foto que está na página 12 do livro - o nome dele é António Mota Redol e não António Alves Redol. Este era o nome do seu  pai, como bem sabemos. Acho que lhe são devidas as nossas sinceras desculpas por este lapso.


O segundo tem a ver com a forma como, por vezes, no livro (por exemplo, na Introdução e na contracapa) se designa por extenso a AEIST. A forma correcta é Associação dos Estudantes do IST, e não Associação de Estudantes do IST.
Como bem diz o António Mota Redol, esta foi uma questão que deu muita guerra com o Ministério da Educação, que queria o de, para defender que a AEIST só representava os estudantes que eram sócios da Associação, reduzindo assim a sua representatividade..Os estudantes sempre reivindicaram que era Associação dos Estudantes, porque defendia os interesses de todos os estudantes do IST e a todos igualmente representava.


Como também fui sempre muito sensível a esta questão, utilizei a forma correcta no meu texto, mas é compreensível que a outros mais afastados das lides aasociativas (como o Raimundo, autor da Introdução) porque estavam envolvidos noutras frentes de batalha, lhes escapasse a nuance.


Como é evidente, estes erros serão corrigidos na próxima edição (a primeira deve estar quase esgotada).